O Paramore deixou a raiva e se tornou uma das maiores bandas da atualidade
Inexplicavelmente, depois de 10 anos como vocalista de uma banda da punk rock, Hayley Williams, do Paramore, nunca havia detonado uma guitarra até gravarem o vídeo de “Ain’t Fun” este ano. “Eu acho que não somos tão rock’n roll como gostaríamos de ser” diz, sorrindo.
Se o humor do mais recente álbum do Paramore é alguma indicativa, Williams, 25, tem pouca probabilidade de continuar na direção de “destruir guitarras”. Antigamente, Hayley gritava com raiva enquanto sua banda tocava o rápido e barulhento “na-na-na” atrás dela. No entanto, no último álbum, intitulado “Paramore”, Williams e o guitarrista Taylor York, também compositores, se empenharam em uma direção mais voltada para o pop, mudando para uma espécie de melancolia esperançosa. Em certo ponto do álbum, Williams declara: “Eu não estou mais brava. Bem, às vezes eu estou”.
A abordagem impulsionou a popularidade da banda veterana de Franklin, Tennessee . O hit “Ain’t Fun” chegou na posição Nº 1 e o ábum “Paramore” estreou também em primeiro lugar – e pode salvar, a longo prazo, a saúde vocal de Hayley. “Você pode sentir isso por todo o corpo”, diz Williams, por telefone, de Buffalo (NY), onde sua banda está em turnê como Fall out Boy. “Essa é a parte mais estranha. Eu estou percebendo a quantidade de trabalho extra que coloco em mim mesma sendo uma pessoa com raiva. Eu posso sentir uma grande diferença na minha voz”.
Durante a gravação, Williams notou que poderia manter a franqueza emocional sem a raiva. “A última experiência que tive ao fazer uma gravação, antes do “Paramore”, foi com o “Brand New Eyes” (2009) e em cada música eu me sentia como uma alma penada. Eu estava somente gritando tudo”, revela. “Eu precisava disso na época, afinal, era um grande lançamento, mas é bom sem capaz de seguir um novo rumo em minha vida onde eu posso cantar sobre coisas que não são raivosas”.
Os quatro anos entre “Brand New Eyes” e o último álbum foram difíceis para Williams e o Paramore. Em 2010, o guitarrista Josh Farro e o baterista Zac Farro, irmãos e membros fundadores, saíram da banda. Josh criou um postmortem desagradável, um blog onde contava que o Paramore era “um produto manufaturado de uma grande gravadora”, acusando a Atlantic Records de tratar os outros integrantes da banda como “menos importantes que a Hayley”. Williams não respondeu na hora, embora ela tenha dito mais tarde que o post dos Farro constituiu-se “no pior da minha vida”. Ela manteve seu foco no reagrupamente com York e o baixista Jeremy Davis.
“Para ser sincera, não foi uma grande surpresa. Ninguém estava realmente confortável”, Williams comentou sobre a partida dos Farro na época. “Mas depois que eles decidiram isso, pensamos ‘Vamos, ao menos, continuar? Sentimos que podemos fazer isso? Nós queremos isso?’. Lembro de uma conversa com o Taylor… Foi aí que descobri que tudo ainda estava vivo. Continuaríamos seguindo em frente. O trabalho mais duro que fizemos foi em relação a nossa amizade”.
Primeiramente, Williams disse a um entrevistador, que ela e York lutaram contra um “bloqueio de composição”, mas logo após eles conseguiram “Proof”, “Daydreaming” e “Last Hope”, e o resto do álbum “Paramore” fluiu rapidamente. Ao contrário das colaborações anteriores, de Williams com Josh Farro, a vocalista adquiriu uma forma de escrever num estilo muito mais pop. E, enquanto ela ainda escrevia letras agridoces como “algum de nós tem que crescer à vezes/ e, por isso, se eu tiver, vou deixa-lo para trás” (Grow up), seu novo material, mesmo assim, ainda era mais pink do que punk. Ocasionalmente, ela se ramificou – em Interlude: Moving On, onde canta ao som de um dedilhado no ukulelê.
“Eu amo como simplesmente encontramos uma nova maneira de ser uma banda com guitarras”, disse ela.
Williams começou a cantar em bandas, com Davis e York, quando ela tinha 13 anos de idade e estava crescendo fora de Nashville. Posteriormente, ela se juntou a banda que os irmãos Farro formaram ao lado de York e sua personalidade enérgica fez dela uma estrela. Tudo aconteceu muito rapidamente – primeiro, a Atlantic Records a contratou como cantora solo, mas ela insistiu que fazia parte de uma banda. “Acho que seria uma carreira muito solitária sem amigos perto de mim e acredito que Jeremy e Taylor diriam a mesma coisa”. “Não é um estilo de vida fácil, mas o fato de que nós compartilhamos os nossos sucessos significa alguma coisa”.
Logo no início, Williams se tornou conhecida por suas constantes mudanças, cores de cabelo fluorescentes e agressivas, e sua carisma que ocupava o palco inteiro. Ela também tinha uma voz versátil e forte para berrar hinos como “All We Know”, ou até mesmo para mostrar sentimentos mais complexos como em “For A Pessimist, I’m Pretty Optimistic”. Embora ela tenha começado sua carreira na adolescência, seus pais a encorajaram e o seu pai, inclusive, dirigiu a van da banda durante as turnês.
Pete Wentz, do Fall Out Boy, recentemente sugeriu que a nova turnê com o Paramore tem um toque clássico, assim como Metallica e Guns N’ Roses no começo dos anos 90. Qual dessas bandas seria o Paramore? Williams nos dá a resposta mais provável. “Irei com Metallica nessa. Seremos o Metallica”, ela diz. Não quero dizer Guns N’ Roses — aí as pessoas começarão a pensar que não estamos indo aos nossos próprios shows.”
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